Inocência e o dia em que o sonho sonhado chegou

“Este é um projeto para se conquistar respeito, não para gerar medo”, afirmou Carlos Altimiras, presidente da Arauco no Brasil, durante um dos vários encontros recentes que tivemos. O maior projeto em execução no Brasil hoje, no qual a chilena Arauco está investindo impressionantes US$ 4,8 bilhões (quase R$ 30 bilhões no câmbio atual), é de proporções extraordinárias. Trata-se da maior planta de celulose do mundo construída em uma única etapa. 

Além dos números astronômicos, o projeto marca um divisor de águas no desenvolvimento econômico e social de Inocência, no Mato Grosso do Sul. Ele trará empregos de qualidade, saúde e educação à população local. No entanto, como qualquer grande transformação, o crescimento virá com desafios: no auge, a obra deve reunir 14 mil trabalhadores em uma cidade que hoje conta com apenas 8 mil habitantes.  

A cerimônia de lançamento da pedra fundamental, que aconteceu no dia 10 de abril, reuniu autoridades do alto escalão do país, estado e município, bem como executivos da Arauco e muitos convidados ilustres. “É o dia em que o sonho sonhado chegou”, declarou a senadora Teresa Cristina. Já o simpático e batalhador prefeito Toninho da Cofapi celebrou: “A ‘Princesinha da Costa Leste’ recebe esse colosso para se tornar rainha”. Ele foi peça-chave para que o projeto desembarcasse em Inocência, carinhosamente conhecida como a cidade do romance. Foi lá que Visconde de Taunay encontrou inspiração para seu clássico, escrito em 1860, que retrata a vida no sertão brasileiro – suas paisagens, tradições e desafios. Inclusive, descobri por que o Rio Sucuriú, que batiza o projeto, leva esse nome: na língua tupi-guarani, “U” significa rio, então este é o “Rio das Sucuris”. 

De volta ao presente, essa região antes marcada pela pobreza e pelas antigas carroças de boi, transformou-se em um polo mundial de produção de celulose – a próspera Costa Leste de Mato Grosso do Sul. 

boom de indústrias de celulose no estado revolucionou sua economia e consolidou o Brasil como uma potência global nesse setor. Tudo começou com os planos da americana Champion de instalar uma fábrica em Três Lagoas, plano que só se concretizou mais tarde com a International Paper e o projeto Horizonte, da VCP – hoje parte da Suzano. A Eldorado entrou em cena em 2012. Depois veio o projeto Horizonte 2, e o Projeto Cerrado em Ribas do Rio Pardo, inaugurado pela Suzano em 2024. Com a entrada do Projeto Arauco Sucuriú, o estado alcançará a impressionante capacidade de 10,5 milhões de toneladas anuais de celulose – sem contar com a nova planta já anunciada pela Bracell. Com esse desempenho, Mato Grosso do Sul, sozinho, estaria em uma lista entre os 5 maiores países produtores mundiais de celulose. Surpreendente, não? 

Quanto aos números do Projeto Arauco Sucuriú, são realmente superlativos: a planta terá capacidade de 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano e uma base florestal que ocupará 400 mil hectares. Segundo um estudo da Embrapa Cerrados e da UnB, um hectare de eucalipto pode fixar incríveis 674,17 toneladas de CO₂. 

Além disso, a fábrica será um exemplo de autossuficiência energética, com uma capacidade de geração de energia limpa superior a 400 MW, dos quais cerca de 200 MW poderão ser exportados – energia suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes. 

Nos discursos que seguiram na cerimônia da pedra fundamental muitas reflexões e histórias foram contadas. Trago uma delas que creio refletir bem este momento: Chile e Equador são os únicos países da América do Sul que não fazem fronteira com o Brasil. Mas um projeto desta magnitude só é viável quando se estabelece uma ponte de confiança. E este projeto é a ponte entre o Chile e o Brasil, aproximando a fronteira destes dois países. 

O Projeto Arauco Sucuriú é mais que uma grande obra – é um símbolo de transformação para Inocência, para o Brasil. Ele mostra que sonhos ousados são possíveis. Em meio aos eucaliptos que crescem firmes sob o sol do Cerrado, floresce também a esperança de um futuro mais próspero, sustentável e humano. Que esse marco seja lembrado não apenas pelos números impressionantes, mas principalmente pela transformação profunda que trará às pessoas e as comunidades deixando um legado duradouro de progresso e desenvolvimento econômico e social. 

Foto: GPM

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