DAIANY ALBUQUERQUE E EDUARDO MIRANDA
O leilão da Rota da Celulose, previsto para ser realizado nesta quinta-feira, atraiu quatro participantes. A informação – apurada pelo Correio do Estado e confirmada pelo governo de MS – é de que as propostas estão partindo de fundos ligados ao banco BTG Pactual e à empresa e corretora XP Investimentos, um consórcio entre o gestor de ativos Kinea e a Way (que já administra duas concessões em Mato Grosso do Sul) e a K-Infra, empresa que tem concessões de rodovias no estado do Rio de Janeiro.
No caso do consórcio formado entre a Kinea e a Way, denominado Rotas do Brasil, ele também vai administrar outras rodovias. Em outubro de 2024, o grupo venceu a licitação para operar a Rota do Zebu, que conecta o Triângulo Mineiro e tem como principal rodovia parte do trecho de Minas Gerais da BR-262. Já os fundos da BTG e da XP Investimentos devem vir com uma empresa de logística à frente.
A iniciativa visa recuperar e ampliar a capacidade do sistema rodoviário composto pelos trechos das rodovias estaduais MS-040 (de Campo Grande a Santa Rita do Pardo), MS-338 (de Santa Rita do Pardo a Bataguassu) e MS-395 (de Bataguassu ao entroncamento com a BR-267), além de trechos das rodovias federais BR-262 (que liga Campo Grande a Três Lagoas) e BR-267 (que liga Bataguassu a Nova Alvorada do Sul). A Rota da Celulose abrange 870,3 km de investimentos nas rodovias.
Depois de cancelado em 2024 por falta de participantes, o governo de Mato Grosso do Sul aumentou a taxa
de retorno do investimento, que passou de 10,37% para 11,41% ao longo dos 30 anos de concessão, além de outros ajustes no edital de concessão.
Foi justamente nessa fase do processo, no ano passado, que o governo do Estado suspendeu a licitação da Rota da Celulose, a qual havia dado deserta na entrega das propostas, realizada no dia 2 de dezembro de 2024.
Com as mudanças e em um momento diferente, o edital foi novamente colocado na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, para um leilão em janeiro.
VELHO CONHECIDO
No caso da Way, o grupo já é responsável por duas rodovias em Mato Grosso do Sul. A primeira foi a MS-306, da divisa com Mato Grosso até Cassilândia (na BR-158), trecho de 219,5 km concedido em 2020 e que tem previsão de 30 anos de gestão.
A segunda concessão ocorreu em 2023, quando o grupo venceu o leilão das rodovias MS-112 (do entroncamento com a BR-158 em Três Lagoas até o entroncamento com a mesma rodovia federal, em Cassilândia), BR-158 (até o entroncamento com a MS-444, em Selvíria) e BR-436 (do entroncamento com a rodovia BR-158 em Aparecida do Taboado até o término da ponte interestadual).
Os trechos totalizam 412,4 km de rodovias, os quais também serão administradas pela empresa por 30 anos.
EM FESTA
A entrega das propostas foi realizada até as 11h de ontem e confirmou a expectativa do governador Eduardo Riedel (PSDB), o qual, na semana passada, disse esperar que de três a quatro grupos estivessem no leilão, para que houvesse disputa.
Ao Correio do Estado, Riedel afirmou que o certame “tem tudo para ser um sucesso”.
“O leilão da Rota da Celulose tem tudo para ser um sucesso. A movimentação do mercado é positiva, com vários consórcios interessados em participar. No dia 8 [esta quinta-feira], vamos abrir essas propostas. Estaremos lá na Bolsa de Valores [B3] participando desse evento tão importante para o Estado”, assegurou o governador.
“As rodovias que fazem parte desse projeto vão receber melhorias importantes, que vão qualificar a logística e a infraestrutura da região, que recebe investimentos privados bilionários na área de celulose”, declarou Riedel.
A titular do Escritório de Parcerias Estratégicas de Mato Grosso do Sul (EPE), Eliane Detoni, também festejou a concorrência.
“A entrega das propostas já demonstrou uma elevada competitividade, o que aumenta a nossa confiança no sucesso da concessão e nos resultados positivos que ela deve gerar para a atração de investimentos para os próximos 30 anos e avanços importantes na infraestrutura rodoviária de MS”, afirmou Eliane, por meio de sua assessoria.
EDITAL
Neste ano, o novo projeto apresentado ao mercado mudou, entre outros quesitos, o valor total do investimento na rodovia, o qual será de R$ 10 bilhões – um pouco maior que o projeto anterior, o qual previa o montante de R$ 8,8 bilhões.
O edital manteve a previsão da duplicação do trecho entre Campo Grande e a fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo, além da previsão de um contorno rodoviário de 15 km em Bataguassu,
o que exigirá R$ 90 milhões.
Foto: Gerson Oliveira/Correio do Esatdo