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Sem urna eletrônica, eleição no PT terá “voto impresso” em MS

Executiva nacional do partido decidiu que as eleições internas da sigla, marcadas para o dia 6 de julho, serão realizadas em cédula de papel

por Nathally Martins da Silva Bulhões

ALISON SILVA

A executiva nacional do PT decidiu nesta semana que as eleições internas da sigla, marcadas para o dia 6 de julho, serão realizadas em cédula de papel.

Em Mato Grosso do Sul, Humberto Amaducci e Vander Loubet disputam a direção estadual do partido, enquanto o deputado estadual Pedro Kemp e Elaine Becker se destacam na ‘briga’ pela presidência do partido em Campo Grande.

A decisão foi tomada após a legenda não conseguir que a Justiça Eleitoral emprestasse urnas eletrônicas para o processo. Recentemente, o PT havia consultado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a possibilidade, mas foi informado pelo órgão de que a decisão sobre o empréstimo cabia aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

Cabe destacar que o partido priorizava  o uso das urnas no processo interno, por avaliar que os equipamentos são mais seguros e confiáveis, além de agilizar a divulgação de resultados.

Neste sábado, lideranças e candidatos se reuníram em um hotel da Capital para debater os rumos do partido, evento que antecede o processo eleitoral em cerca de duas semanas.

Disputa
Atual vice-presidente estadual da sigla,  Humberto Amaducci  disputa a principal cadeira do partido com o deputado federal Vander Loubet. Ex-prefeito de Mundo Novo e candidato ao Governador do Estado em 2018, Amaducci surgiu após a desistência da deputada estadual Gleice Jane.

“Acreditamos na democracia interna do PT, no debate fraterno de posições políticas e ideológicas, cuja perspectiva principal consiste no fortalecimento do Partido”, destacou recentemente ao Correio do Estado
O candidato disse que a chapa disputara os rumos do PT, para que a sigla volte a liderar um bloco de centro-esquerda no estado, o que requer, de imediato, “romper com o governo de Eduardo Riedel e deixar a sua base de sustentação na Assembleia Legislativa.”

Recentemente, o postulante a líder do partido disse que apesar das disputas internas, o principal objetivo do partido é reeleger o presidente Lula em 2026, além de fortalecer a bancada federal do partido, que além de Loubet, conta com Camila Jara, assim como conquistar ao menos uma cadeira no Senado.

“De nada adiante elegermos o presidente Lula e não conseguirmos nos fortalecer na bancada federal e no Senado. Queremos garantir o palanque para Lula em Mato Grosso do Sul, como já fizemos em outros momentos, além de voltar a governar o Estado”, frisou.

Sobre a disputa com Loubet, Amaducci destacou que o partido é muito democrático e que o objetivo é garantir o debate de ideias e ampliar o alcance da sigla. “Ele (Loubet) tem as ideias dele e eu tenho as minhas, vamos debater, porém, acima de tudo, devemos nos atentar ao aspecto geral das eleições”, finalizou.

Loubet
Em recente exclusiva ao Correio do Estado, Vander Loubet ressaltou que desde novembro do ano passado tem apresentado com responsabilidade e respeito a sua candidatura à presidência estadual do PT,  posto ao qual  era o único postulante após a desistência da deputada estadual Gleice Jane. As eleições estão marcadas para julho deste ano.

“Ao longo de 40 anos como filiado, tive a honra de contribuir para o fortalecimento do nosso partido. Dediquei minha vida à construção do PT em um dos maiores símbolos de resistência da América Latina”, afirmou.

O parlamentar ainda recordou que participou da fundação da sigla em Mato Grosso do Sul e contribuiu para o projeto que levou o PT a governar o Estado por oito anos.

“Além disso, estou no sexto mandato consecutivo como deputado federal. Nos últimos cinco meses, discuti e dialoguei com cada corrente interna da legenda. Por isso, espero que, com a retirada da candidatura da deputada Gleice Jane, possamos construir um consenso também com a corrente dela, a Articulação de Esquerda”, pontuou.

O deputado federal disse que, embora a disputa seja democrática e legítima, vai propor a união das tendências partidárias do PT e que a militância da sigla invista a sua energia nas eleições de 2026.
“Minha expectativa é de que, até 2026, a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva melhore com os resultados de todas as políticas que ele tem colocado em prática. Graças à experiência e ao protagonismo mundial dele, acredito que o Brasil sairá maior dessa disputa insana que os Estados Unidos estão travando com a China”, projetou.

Desistência
Em nota à imprensa, a deputada estadual Gleice Jane destacou em abril que a saída da disputa se deu após um profundo processo de avaliação, o qual levou em consideração vários fatores, mas sobretudo o volume de trabalho exigido pelo mandato e pela disputa interna do partido.

“Há dois anos, a parlamentar enfrentou problemas de saúde que ainda hoje requerem cuidados e impõem certos limites na execução de tarefas. Por isso, com o objetivo de preservar o seu bem-estar e a sua energia, Gleice Jane optou por não seguir adiante na disputa interna neste momento”, trouxe o texto.

Conforme a nota, ela decidiu “focar em seu mandato e nos compromissos assumidos com os trabalhadores e as trabalhadoras de vários segmentos da sociedade, como com a luta das mulheres no combate ao feminicídio, [contra] às violências psicológicas e simbólicas que assolam o Estado e o País, com os povos originários e suas lutas por terras tradicionais e reconhecimento à diferença, com os movimentos que lutam contra o racismo, o patriarcado, os desmandos de um modelo econômico que polui rios, devasta o solo e explora a força de trabalho, com a luta dos funcionários públicos que lutam para promover saúde e educação de qualidade, com a luta dos ribeirinhos e dos pescadores e com a luta daqueles que querem preservar a democracia e as condições ambientais para as gerações futuras”.

A postura de Gleice Jane foi rememorada por Loubet anteriormente, que disse que a companheira  deveria, sobretudo,  buscar a reeleição junto à Assembleia Legislativa estadual.

“Temos de ter todo o cuidado, tanto com a reeleição dela (Gleice Jane), como com a reeleição da Camila. Não é fácil você construir quadros femininos, mulheres da política, fruto de muito trabalho, de uma dedicação do partido na construção dessas lideranças.”, frisou Loubet.

Disputas
Cabe destacar que o partido historicamente é lembrado por suas disputas internas. Em 2002, Eduardo Suplicy e o próprio presidente Lula “brigaram” pela candidatura à presidência da República, vencida por Luiz Inácio. Em 2023, Camila Jara e Zeca tiveram uma “rixa” quanto à preferência do partido para a cadeira da Prefeitura de Campo Grande, corrida vencida por Camila.

Relembre
Entre os candidatos para assumir a direção estadual, Vander é considerado da ala mais moderada, ao centro. Já Amaducci, da ala mais à esquerda do partido.

Atualmente Humberto Costa é quem comanda o cargo da presidência do PT até a realização das eleições diretas, já que a atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais do Brasil no fim do mês de fevereiro.

Cenário nacional
No contexto nacional das eleições para presidente do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva é cotado como um dos favoritos a vencer a disputa, já que recebeu o apoio do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Edinho é um sociólogo e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores. Foi Vereador do município de Araraquara (SP) deputado estadual e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Além do Edinho, o atual secretário de Relações Internacionais, Romênio Pereira, será candidato pela tendência Movimento PT.

Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, Romênio Pereira é natural de Patos de Minas (MG) e iniciou a sua trajetória no movimento sindical no início dos anos 1980 em seu estado natal. Ele já ocupou várias funções no PT-MG e também na direção nacional do partido.

Quem concorre também à presidência nacional é o historiador e membro do Diretório Nacional do PT, Valter Pomar, que registrou sua candidatura para concorrer à presidência representando o movimento Articulação de Esquerda. Rui Falcão e Washington Quaquá também concorrem.

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